A ligação entre aparência física e o preconceito
Os problemas referentes ao preconceito não se resumem à discriminação racial. O preconceito acontece das formas mais diversas e se aproveita de fenômenos bem comuns, como a aparência física. Apelidos, piadinhas, brincadeiras e insinuações costumam ser “levados na esportiva”, como se diz, mas quase sempre têm sentido pejorativo e por isso representam uma forma de preconceito, mas não ainda dos mais graves. O problema se torna realmente sério quando discriminações dessa natureza chegam ao ponto de sugerir a exclusão social da vítima e, mais ainda, quando gera traumas que comprometem sua saúde emocional. É amplo o leque de possibilidades que se referem à aparência física, marcado por extremos: O “bonito e o feio”, pessoas obesas ou muito magras, altas ou baixas, com problemas patológicos, deficientes físicos e, até mesmo, mentais. Tudo porque grande parte das pessoas julgam pelo que vêem.
A professora Íris de Souza Cabral, 34, estudante de Pedagogia, diz colecionar histórias onde foi vítima de preconceito, tanto por ser negra quanto pela obesidade. “Uma mãe de aluno, ao chegar na reunião de pais que antecede o primeiro dia de aula, olhou pra mim e disse: ‘minha filha não vai ter aula com esta negra”. Sem perder o bom humor, Íris também conta que, muitas vezes, em locais públicos percebeu que ao se aproximar pessoas demonstravam receio, escondendo a bolsa ao passo que procuravam de afastar. “Tenho muita história pra contar, diz Íris sem perder o sorriso: “ outro dia, no ônibus, uma senhora perguntou se eu tinha carteirinha de deficiente, alegando que a minha gordura era deficiência”. Segundo a professora, esse tipo de coisa está sempre acontecendo com ela, no trabalho e na rua. “Eu só sei que tenho nome de deusa, e me sinto assim, linda”, finaliza Íris, comprovando o alto astral.
Segundo a advogada Lúcia O. C., há 4 anos na profissão, não há na Constituição algo específico sobre preconceito relacionado à aparência, exceto quando há casos de racismo, que é previsto em lei como crime inafiançável. Lúcia acredita que problemas com aparência podem ser estendidos pelo artigo 3º da Constituição Federal, que dita: “Promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Embora Lúcia não tenha muita experiência no assunto, diz que “o preconceito existe, mas no momento que se pratica uma discriminação dessa, a gente ofende o artigo 3º da Constituição Federal”. Dependendo do caso, a pessoa vítima do preconceito, ao se sentir moralmente prejudicada pode recorrer à Justiça, mas o problema, de acordo com o advogado Everson Andrade, 20 nos de profissão, é provar a discriminação. “Processar você pode, por qualquer coisa, mas não se pode denunciar só porque alguém falou. È preciso ter indícios, ter provas”, diz. Andrade ressalta que se puder provar, a vítima do preconceito será indenizada por perdas e danos morais. “A prova pode ser técnica, testemunhal, documental e pericial ainda”, declara o advogado, que faz questão de dizer: “ a discriminação é uma coisa que nós chamamos de norma constitucional em branco, porque prevê que há o ilícito, mas não prevê a pena. No fundo ninguém vai pra cadeia por isso. Acaba ficando papel pra lá, papel pra cá, mas não acontece nada, essa que é a realidade”, desabafa.
Problemas de pele como vitiligo, psoríase, pitiríase e espinhas, por exemplo, também são responsáveis por situações desagradáveis, onde o preconceito é comprovado por pessoas que ignoram as causas de tais patologias julgando, mais uma vez, pelo que vêem apenas. A professora Zilá Marques de Castro, 56 anos, teve vitiligo quando criança e nunca esquece um fato ocorrido na escola, quando sua professora a chamou de barata descascada. “Cheguei em casa e chorei muito, era criança e tímida, mas não deixei que isso me abalasse a ponto de ficar complexada”, declara. João Salgado Júnior, 23 anos, também passou por situação semelhante: “eu tinha uma colega de serviço que nunca quis conversar comigo, mantinha distância. Um dia, ao entrar no departamento de repente, a ouvi dizendo pra outra pessoa que não falava comigo porque tinha nojo das espinhas no meu rosto”.
A reação da vítima do preconceito depende do seu preparo psicológico, de como encara cada situação, mas também varia de acordo com a intensidade com que é manifestado o preconceito. “Tem pessoas que judiam, e isso pode ser extremamente traumático”, diz a Psicóloga e Psicanalista Roseli Machado, há 7 anos atuando na profissão. Os “rótulos”, conforme diz Roseli, são as formas que as pessoas usam para julgar pela aparência, que ganham mais força ainda, na sua opinião, através da mídia, “porque ela impõe um estereótipo de beleza que são, hoje em dia, homens e mulheres magros, altos, enfim...”. Para a Psicóloga, apelidar é preconceito, assim como a utilização de jargões, “porque os outros somam o estereótipo a um comportamento, a uma atitude, e aí é preconceito sim”. Já Silvia Lima Vallochi, Psicóloga há 8 anos, diz que “qualquer tipo de preconceito surge porque a gente não sabe lidar com a diferença”. Ela explica que ser diferente dá para o ser humano a sensação de ser pior: “surge essa busca pelo que a sociedade determina como o ideal”. Silvia atribui o crescente culto ao corpo à busca pela perfeição. “Não é que todo mundo vá correr atrás (da perfeição), vão correr atrás as pessoas que tem essa necessidade de ter sua auto-estima comprovada através do olhar do outro, e não da crença que ela tem de si mesma”, afirma.
Quando se valoriza tanto a aparência física, automaticamente cresce o preconceito, porque não são consideradas as qualidades pessoais. Os considerados “bonitos” também passam por isso. ”As pessoas costumam dizer que uma pessoa muito bonita não pode ser intelectual, e vice versa”, diz Roseli. E Silvia completa: “O bonito sofre preconceito da mesma maneira que um “CDF” sofre. Há sempre uma cobrança de ser o bonitinho, o certinho, o educadinho...”. O importante é a valorização do ser humano e ter consciência de que julgar pela aparência , além de não ser um bom recurso, também é preconceito, e pode causar sérios traumas em quem sofre esse tipo, pouco analisado, de discriminação.
EU TAMBÉM JÁ PASSEI POR VÁRIOS PRECONCEITOS!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirPOR EU SER GORDA E DER MUITO TIMIDA VARIAS PESOAS TEM UM CERTO PRECONCEITO A MIMM.
ResponderExcluireh a coisa mais horrivel, eh virar pra qualquer lado e ver pessoas rindo de vc.
ResponderExcluirNa verdade entrei neste blog procurando por Roseli Machado com quem comecei um tratamento ha alguns anos atras mas nao pude dar prossegui/o , mas sobre o assunto preconceito tambem teria casos p/contar (sou Negro), mas deixo aqui minha contribuiçao .O preconceito e tao enraizado no ser "humano" que alguns tem a petulancia de dizer" Este e um preto de alma branca " . Mas tambem não os posso culpar pois tb ja ouvi alguem dizer "Sou um negro de alma branca ".Sobre a Roseli, estarei acessando novamente pois foi muito proveitoso o periodo que me consultei com ela(espero que seja a mesma Roseli)
ResponderExcluirSabe sou de cor escura ou seja (NEGRA) ii tenhu vitiligo não aguento tanto preconceito tenhu preconceito em dobro. tive uma sorte muito muito grande por ter pessoas como meu namorado nammoro com ele a 2anos ele é branco é lindo e não liga pro meu vitiligo. amo muito ele agradesso a ele i a todas as pessoas
ResponderExcluirqui não tem preconceito afinal vitiligo não é transmicivel!
beijoos!!!
Olá! Chamo-me Sérgio daúde e sou português.Gostei imenso dos artigos por vós públicado sobre a aparência física e a sua relação com o preconceito. na minha vida pessoal tenho vivido imensas situações desagradáveis pois tenho um problema de ortodoncia e consequentemente experimentado bastante discriminação no acesso ao emprego embora possua estudos e competências necessárias ao desempenho de muitas funções.
ResponderExcluirGostaria de ser contactado por pesssoas que tenham histórias a contar e convidá-los a visitar o meu blog em www.desigualdadedireitos.blogspot.com um abraço
Eu sofro até hoje. Sou alto e muito magro. Um exemplo que dou é quando mulheres na rua entortam o nariz e a boca ao passarem por mim, mesmo quando nem sequer olhei para elas. Parece que muitas fazem isso à todos que não a atraem. Mas isso me incomoda.
ResponderExcluirOla! Pois estou no meu limite de preconceito.
ResponderExcluirSou de Águas de Lindoia sp, sofro a
anos preconceito social, minha saúde,
esta por um fio, já passei muitas nessecidades, de ter um bom emprego
de ter uma namorada, uma vida confortável na minha cidade,
já entrei muitas em depresao
acordo com medo, tenho medo de sair de casa pro trabalho.
por causa da minha aoarencia.
quando tava na escola uma menina ficava rindo de mim por eu ser meio gordinho e meio feio um dia peguei ela andando sozinha peguei ela pelo pescoço levei pra um canto e esfreguei meu pinto na cara dela e gozei a na cara dela toda, depois disso ela nao me irritou mais...
ResponderExcluirTenho Alopécia Universal, encaro olhares maldosos, rejeição e todo tipo de preconceito. É chato, mas infelizmente toda pessoa que perde seus cabelos tem que passar por isso.
ResponderExcluirSou muito magro (deve ser algum distúrbio), sofro muito preconceito por parte das pessoas, principalmente onde trabalho, em sua maioria as mulheres de la, que sempre estão me chamando de feio ou fazendo comentários maldosos. Ja ouvi coisas que me deixaram deprimido por semanas.
ResponderExcluirE quando alguém esquece algo e se diz que deu branco, tb é preconceito.
ResponderExcluirNão concordo com a psicóloga que acha que apelidar já é uma forma de preconceito.Qdo me tratam com o diminutivo do nome de meu pai Costinha,aceito como uma forma carinhosa de ser de ser tratado.
ResponderExcluirMas ela quis dizer no sentido de apelidos que negridem o emocional das pessoas do tipo (olívia palito) para aquelas que são magras, enfim, que agridem as pessoas socialmente.
ExcluirMeu nome é Alef já sofri muito preconceito e sofro até hoje às vezes eu falo dos meus problemas com a minha mãe e minha mãe não quer nem me ouvir ela acha que isso é coisa da minha cabeça
ResponderExcluir