Hopi Hari deixa a desejar

Alguns dos maiores Colégios do país promovem encontros anuais no parque temático Hopi Hari, localizado na cidade de Vinhedo (a cerca de 60 Km de São Paulo). Eles fecham o local para uso exclusivo de seus alunos com o intuito de promover uma integração entre unidades de várias cidades e Estados que se encontram nessa ocasião.

Esta semana acompanhei a visita de um grande colégio. O número de jovens previstos para o encontro era de 13.000 estudantes do Ensino Fundamental 2 (que abrange do 6º ao 9º ano) e do Ensino Médio, vindos de tudo quanto é lugar diferente. Fui a trabalho: fotografar e observar a integração para a já tradicional matéria institucional era minha missão.

Essa foi a primeira vez que fui ao Hopi Hari como profissional, e de cara vi que as coisas mudaram um tanto por lá – ou não, depende do ângulo de visão. Eu, que já visitei o parque diversas vezes a fim de diversão com minha família e sempre gostei muito, fiquei decepcionada logo de cara.

O primeiro desapontamento surgiu quando procurei a assessoria de imprensa em busca de alguma solução que facilitasse o meu trabalho. Como eu tinha que fotografar os alunos em diversas situações, precisava que eles me facilitassem o acesso aos brinquedos (pelo menos a alguns deles) para que não tivesse que amargar horas na fila junto com os alunos apenas para garantir algumas fotos. A assessora responsável, visivelmente de má vontade, foi categórica: “não tem jeito”; e quando eu tentei argumentar sobre o tempo que se perde nas filas para quem precisa cobrir tudo, ela me cortou: “não sei, essa é a informação que eu tenho”.

Tudo bem, não seria ela que atrapalharia o meu trabalho. Mas achei isso incorreto, afinal, bem ou mal divulgamos o parque e seus serviços, e eles sempre pedem que enviemos edições com a matéria sobre o passeio, o que provavelmente vai para algum tipo de portifolio deles. Mas tudo bem. Conversei com o professor responsável pela excursão e ele nos deu pulseiras de educador, o recurso simples que precisávamos para furar as imensas e demoradas filas, negado pela assessoria. O único problema é que essa pulseira chegou até mim e minha colega no final do dia, quando já não seria mais necessário.

Outra grande reclamação minha é sobre o atendimento. Há inúmeras lojas dentro do Hopi Hari, todas exclusivas do parque, no entanto os funcionários são unânimes no péssimo atendimento. Funcionários mau humorados e claramente descontentes atendem como se estivessem fazendo um grande favor aos visitantes. Esse tipo de atitude, todo mundo sabe, vai contra todos os princípios do bom comércio, mas talvez aconteça porque estão cientes de que uma vez dentro do parque o visitante não tem opção, ou consome lá dentro ou passa o dia com fome, sede e vontade.


Isso é uma afronta, afinal, um local que vende a R$4,00 uma garrafa de água da mesma marca desconhecida comercializada por ambulantes em rodoviárias por, no máximo, R$1,00, e um lanche muito mal feito, jogado dentro da caixinha, que custa mais caro do que o Mac Donalds (pois é, mais caro que o já careiro Mac) deveria estar consciente de que a exploração comercial ali é explícita. Como se já não bastasse o fato de o passaporte (que não é barato) não incluir diversas atrações que são pagas à parte lá dentro, e de desembolsarmos o dobro, e até o triplo em certos produtos, ainda somos mal tratados por TODOS os atendentes das lanchonetes, sorveterias, quiosques e lojas.

A falta de caixas eletrônicos dentro do parque também é uma deficiência grave, bem como a não-venda de refrigerantes da Coca-Cola. Lá você só consome o que eles querem que você consuma. Ponto.

Me chamou a atenção também o grau de desmotivação dos funcionários do parque. Lembro-me da primeira vez que fui ao Hopi Hari, bem no começo. Fiquei encantada com a forma de abordagem deles. Todos os operadores de brinquedos tinham acesso ao alto falante – e cada brinquedo tem o seu –, e por meio deles contagiavam as pessoas com brincadeiras, provocações e expressões do idioma típico criado pelo parque. Era incrível a interação estabelecida ali, contagiava a todos, a diversão era redobrada. Fora a adrenalina proporcionada pelos movimentos dos brinquedos mais radicais, havia um contato, um canal que ajudava muito a energizar ainda mais os visitantes.

Hoje, o que sinto é uma apatia geral. Funcionários jogados dentro de suas cabines, com preguiça, sentados de qualquer jeito, falando mole em seus microfones, com uma má vontade escancarada, repetindo mecanicamente algumas regras que mal são entendidas. O parque caiu na mesmice e se perdeu de sua própria proposta, que é o entretenimento, a diversão, a imersão em um universo diferente, encantado. E o pior é que isso se reflete até nas crianças, que vão mais pelo modismo de estar lá do que por algum tipo de motivação ou vontade de divertir-se. Muitos, aliás, vão mesmo pra namorar, beijar na boca sem correrem o risco de serem pegos por ninguém.

Durante o dia todo andei pelo parque, de um lado ao outro, e o que vi eram jovens com aparência de cansaço, fadiga, sem nem mesmo terem aproveitado as atrações. Já estão enjoados de uma proposta que se estagnou no tempo e deixou que se perdesse todo o encantamento. São as mesmas musiquinhas, os mesmos brinquedos, os mesmos comes, bebes e bugigangas, nada mudou desde que o Hopi Hari abriu suas portas ao público, em 27 de novembro de 1999.

Eu, sinceramente, lamento. Lamento porque é um lindo lugar, um espaço enorme e cheio de possibilidades para oferecer um pouco de ilusão e encantamento, uma boa opção para quem precisa fugir um pouco da rotina e do stress do dia a dia. Mas lamento mais ainda pela desmotivação que tomou conta do parque através das pessoas responsáveis por fazê-lo funcionar.

Isso só demonstra a carência de um bom projeto que atinja, antes de mais nada, seus colaboradores. Já que a missão, conforme divulgado no site, é a de “Proporcionar às pessoas uma experiência única de entretenimento com diversão, encantamento e emoção”, isso deveria partir de dentro antes de mais nada. A sintonia seria automática, natural. Se o parque, que se propõe a tanto, não é capaz de colocar em prática com sua própria equipe, o que o faz achar que funcionaria com seus visitantes?

Para quem vai ao Hopi hari pela primera vez, pode até ser que a impressão seja a melhor possível. Se bem que em lugar nenhum do mundo mal atendimento deixa alguma boa impressão, mas... No entanto, a partir de uma segunda vez o encanto já desmorona por completo, porque uma coisa leva à outra.

Eu não sei nada sobre o esquema de trabalho lá dentro, como são tratados os funcionários ou se existe um esforçpo de comunicação (principalmente interna) eficiente no sentido de motivar, inspirar e envolver sua equipe com a proposta do local. Só sei que doeu no meu coração, sempre criança e ávido por um pouco de fantasia, constatar que não é preciso esperar setembro para se sentir na “Hora do Horror” do Hopi Hari, o maior parque temático da América Latina e eleito pelo sétimo ano consecutivo o melhor Parque Temático do Brasil, escolhido pelos leitores da Revista Viagem e Turismo – o que só prova como estamos mal no quesito diversão.

Comentários

  1. Aliz,

    Gostei muito do seu texto. Eu nunca fui ao Hopi Hari, tenho vontade de conhecer o lugar, o espaço as atrações, mesmo porque como bem mencionado no texto existe todo um glamour da mídia em torno do parque. Mas confesso que fiquei decepcionada com as suas informações.
    Como pagar caro para ter acesso ao parque e algumas atrações e não ter o mínimo esperado que é um bom atendimento dos funcionários? Não gosto também dessa idéia do visitante não ter opção de escolha, seja em bebidas, alimentação, etc...Nada que é imposto é bem visto.
    Meu filho já foi ao parque por duas vezes, na primeira vez ele gostou muito , chegou em casa todo euforico, já na segunda não foi a mesma coisa. Imagino que futuramente (se não houver um projeto e planejamento)teremos mais uma parque esquecido como o Playcenter. Como mãe sinto falta de opções de lazer para o meu filho. Lugares interessantes, enriquecedores e que proporcionem momentos de diversão e lazer com a família.

    Obrigada pelo texto cheio de informações.

    Um gde bj.

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  2. Alizinha mô Deus!!!

    Só hoje dei uma passada por aqui, para ler sobre seu sufoco (rs).....

    Pensei que estas coisa famosas fossem mais organizadas, principalmente onde a clientela são os maiores formadores de opinião... vai se acabar, isso já desgaste de quem não esta mais ligado para a coisa.

    E não tratar bem a impresa, é mais que desaforo.

    Cê precisa conhecer um parque de diversão aqui de minha cidade. É o Parque do ZÉ BIDEL. Pensa num trem bão, tem um chapeu mexicano com 10 cadeiras e as correntes das cadeiras todas amarradas com arame. Um bate-bate, aqueles carrinhos elétricos. O cabra levou um shoque daqueles, tem uma gabine que uma mulé se tranforma em monstro... quê medo..... Uma barraquinha de Maçã do Amor, uma do Algodão Doce, um carrinho de pipoca doce e salgada - bem salgada - tem uma barra pra gente laçar umas garráfas prá ganhar Ursinho.... Pô, é igualzinho o Hopi Hari que ocê foi.... (rsrsrs)

    Bzs

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  3. Aliz, querida, descule a demora. Na minha "antice cibernética" eu não consigo fazer mais comentários em blogs através do mozila/firefox. Só agora tive a alfabetizada idéia de reinstalar o explorer (eu não o queria mais).
    Bom, agora entendo a minha filha mais nova. Em janeiro desse ano ele foi ao Hopi Hari. Ficou um ano sonhando, teve até febre. Ficou lá uns dias e quando voltou, eu estava doido para saber as novidades. Sabe como ela me relatou: "É, foi legalzinho!" Entendi o porquê. Um grande abraço, paz e bem.

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  4. Gostei muito do seu texto, realmente você tem razão!

    Eu sou ex-funcionária do parque.Realmente ao invés de sermos motivados eramos desmotivados,muitas horas trabalhadas, o lugar e muito quente no verão tinhamos que ficar naquele sol escaldante,quantas vezes fiquei sem almoçar pq parque estava lotado e não tinha funcionário suficiente para cobrir horário de almoço simplesmente esqueciam da gente muitas vezes sem poder beber água pq tudo tinha que esperar... lá funcionava assim primeiro visitante depois os funcionários,não podíamos sentar, por isso vcs nos viam largados pq era único momento que não estávamos sendo vigiados pelos superiores se nos vicem sentados era advertência na certa para não causar constrangimentos e por talvez muitos terem filhos para criar e não conseguir emprego fácil ficam- lá ate conseguirem outro emprego...os visitantes não tem culpa todos reconheciam mas ficava difícil achar motivação, desse jeito e difícil proporciona ao visitante momento de encanto sabendo-se que nos não conseguíamos enxerga esse lugar encantado que todos falavam...já tem alguns anos que sai de lá, não sei se mudou alguma coisa, mas vou deixar minha opinião!

    O parque e muito mal administrado, aos poucos estão afundando o parque.Para melhorar não precisa de aumento de salário e sim troca da gerencia toda e o metodo de trabalho...

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