A riqueza e a modernização urbana geradas pelo café imortalizadas nas ruas de Santos

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O Brasil é, atualmente, o maior produtor e exportador de café do mundo, e também o segundo maior consumidor desse grão, perdendo apenas para os Estados Unidos. De acordo com dados divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o País responde por mais de um terço da produção mundial de café, possuindo aproximadamente 6,4 bilhões de pés desse fruto.

Considerado um dos principais geradores de riquezas do planeta, o café é importante para o Brasil desde a época do Império. “O produto se adaptou tão bem aos solos e climas brasileiros que quatro anos após o estabelecimento da cultura no país, em 1727, já ocorriam as primeiras exportações”, segundo divulgado pela Embrapa Café no site do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Um dia o café já chegou a representar 50% das exportações do País. Hoje, pela diversidade de produtos exportados, ele já não ocupa mais esse patamar, no entanto, pelos números atuais, como os divulgados acima, vemos que o grão continua sendo um produto de grande importância para a economia brasileira e que a nossa história deve muito a ele. Com o intuito de observar pessoalmente resquícios da riqueza gerada pelo café em tempos áureos, bem como a modernização urbana que também teve origem aí, fui parar em um cenário privilegiado para tal resgate: a cidade de Santos, no litoral paulista.

Durante um bom tempo, Santos teve sua economia centrada na comercialização do café. A cidade abriga o maior porto da América Latina e a economia cafeeira representou um impulso gigantesco de crescimento, especialmente com a inauguração da ferrovia São Paulo Railway, que ligava Santos às lavouras de Jundiaí, em 1867. Nesse passeio, exploramos a transformação da cidade colonial no momento em que entrava em cena a riqueza gerada pela cafeicultura, que financiou a modernização urbana do Estado de São Paulo no início do século 20.

Como acompanhantes, tive estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental e os professores de História da São Paulo Memória, empresa que organizou o Estudo. Os pontos visitados, especialmente a Bolsa do Café, nos permitem sentir na pele a dimensão de toda a ostentação, do glamour e da imponência transformados em realidade graças ao café. Acompanhe o trajeto vivenciado:

Monte Serrat
No centro de Santos, a 157 metros acima do nível do mar, está o morro do Monte Serrat, que abriga a construção do famoso cassino de mesmo nome inaugurado em 1927. Para chegar até lá, fomos transportados pelo bondinho, que opera o trajeto desde a inauguração do empreendimento. Lá em cima, conhecemos os luxuosos salões que políticos influentes, Presidentes da República, artistas nacionais e internacionais, grandes orquestras e outras personalidades freqüentavam. A construção ainda conserva as características originais da decoração da época, inclusive os móveis. Lá de fora, uma visão panorâmica da cidade chama atenção, principalmente o Porto de Santos, que pode ser contemplado por sua extensão e importância. No topo, também conhecemos o Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat, padroeira da cidade.

Complexo do Valongo
Os trilhos por onde passou a maior parte da riqueza que impulsionou o desenvolvimento de São Paulo e do Brasil também foram observados de por nós. O complexo do Valongo é formado pela antiga Estação Ferroviária Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867, a primeira do Estado de São Paulo, o Santuário e os Casarões do Valongo. Neste ponto, analisamos a grandiosidade da arquitetura da época, agora em ruínas, mas que em breve deverá ser reconstruída, segundo promessas; entendemos também alguns dos motivos que levaram à decadência o sistema ferroviário e muitas outras informações sobre a importância daquele local para todo o país.

Igreja Santo Antônio do Valongo
Em estilo barroco, o Santuário de Santo Antônio do Valongo dispõe de valiosas obras de arte. Entre elas destaca-se o altar-mor, original, com detalhes em ouro, um dos únicos tronos rotativos do país no qual, de um lado, temos a imagem giratória representando a Santíssima Trindade e, do outro, o Ostensório para adoração perpétua. Há, também, a imagem do Cristo Místico de Seis Asas, o altar de Nossa Senhora das Dores, as imagens de Nossa Senhora da Conceição, São Pedro e São João. No século 18, esse conjunto arquitetônico destacava-se como um dos maiores e mais bonitos de toda a Província Franciscana no Brasil. Em 1859, o imóvel foi vendido para construção da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, porém, a igreja permaneceu, já que de acordo com a história, “não houve força capaz de retirar a imagem de Santo Antônio do altar”. Em 1987 aconteceu sua elevação a santuário.

Bolsa Oficial do Café
Os alunos conferiram a magnitude do poder proporcionado pelo café refletido na imponência arquitetônica e suntuosidade do Palácio da Bolsa Oficial do Café, hoje Museu do Café, localizado no centro de Santos. O Palácio foi inaugurado em 1922 para centralizar, organizar e controlar todas as negociações do mercado cafeeiro, principal fonte de riqueza do país na época. Isso pode ser comprovado nos detalhes, já que sua construção inclui materiais de acabamento de primeira linha, tornando-o um verdadeiro monumento, como o almejado por seus idealizadores. O museu reúne, logo no saguão, três obras de Benedicto Calixto, mais o vitral A visão de Anhanguera, desenhado pelo mesmo artista, no teto central, acima da Sala do Pregão, onde os barões do café e pessoas influentes tinham seus lugares cativos para influir na tomada de decisões.

Pinacoteca Benedicto Calixto
O artista plástico Benedicto Calixto foi citado o tempo todo durante os estudos em Santos. Isso, porque além de consagrado pelas suas obras, expostas nos principais pontos turísticos de Santos e nos maiores museus do país, Calixto nasceu em Itanhaém (a poucos quilômetros de Santos) e viveu em Santos durante boa parte de sua vida. Era considerado pintor-historiador, pois se dedicou a traduzir paisagens e fatos históricos ocorridos em sua época e também antes dela. Para tanto, pesquisava e estudava criteriosamente documentos históricos com um talento especial nas interpretações, impondo uma precisão espantosa ao retrato. Suas pinturas são verdadeiros testemunhos da passagem do século 19 para o 20, justamente no início do processo de modernização do Estado de São Paulo que geraram transformações radicais nas cidades, no campo e no litoral. Na Pinacoteca que leva seu nome, instalada em um belo casarão do início do século, um dos últimos exemplares de moradias dos barões do café, conhecemos muitas de suas obras e também de outros artistas consagrados, além de uma biblioteca especializada em artes.





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Comentários

  1. Pôxa Alíz! Uma verdadeira aula de história.
    Depois da água, o café, é a bebida que mais tomo. Consumo sozinho quase um litro por dia rsrsrs.
    Parabéns pelo texto!

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  3. Jornalismo X Jornalista
    Muito se fala no assunto que mete medo e exige de seu produtor um peso de consciencia em tudo que produz e manda ler, porém, o índice de valores morais registrado nesse meio é hoje no Brasil, quase zerado, já que o jornalismo comercial ainda existente no país, deteriorou de tal forma que apenas nada mais do que uns 3 Órgãos noticiosos merecem credibilidade e as maiores Revistas do ramo como Istoé e principalmente a VEJA, se transformaram em células cancerosas da mídia nacional e ainda sobrevivem porque o povo brasileiro é manso, tem cérebro lavado e aceita cangalha. Hoje existe tão somente a internet e mesmo assim vem sofrendo censura por parte de governantes que ameaçam extingui-la e o povo, à tudo assiste e se não fosse alguns bravos blogueiros e tantos outros profissionais do jornalismo brasileiro, já estariamos calados como quer o senador Azeredo de Min as Gerais.

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  4. Parabéns Alíz!
    Eu tinha que estudar sobre isso e não tinha copiado.Que furo!
    Ainda bem que vi isso no seu site se não, eu nem sei oque ia acontecer.
    Obrigada
    Beijos
    Luciana

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  5. Parabéns Alíz!
    Pelo site.Eu estava estudando e percebi que não tinha copiado um texto sobre as riquezas geradas pelo café, e vi seu site.Entrei,Li,Estudei e estou prontinha para a prova.
    Obrigada,
    Luciana.

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  6. Nossa aliz obrigada mesmo, fiz isso na ultima hora, você me ajudou bastante!

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