Você sabe o que são e como funcionam as Bolsas de Valores?

Saber o que é a Bolsa de Valores e entender como funciona é quase um desafio para grande parte da população brasileira, que não está familiarizada com o assunto até por questões culturais. O que muita gente não sabe, mas deveria saber, é que como consumidores, temos total participação na valorização dos investimentos, além de, estando em contato com o assunto, poder entender de que forma esse mercado atua na economia do país.

Para o Consultor Econômico Antônio Carlos G. Rodrigues, 48 anos e 25 de profissão, é muito importante que todos entendam o que é a Bolsa de Valores, pois isso tornaria o mercado acionário mais forte e sólido, possibilitando que as empresas captem mais, gerando mais empregos e melhorando a distribuição de renda no país. Ele defende a idéia baseando-se num dado estatístico: “No país mais rico do mundo, os EUA, 95% da população investe em ações”. De mesma opinião, o jornalista e especialista em economia da Folha de São Paulo, Sérgio Ripardo, acha que estando as pessoas íntimas e bem informadas sobre o funcionamento das Bolsas de Valores, estarão também aptas a decidir onde aplicar suas economias. “Dependendo do momento da economia, as vezes o dinheiro pode render mais se for aplicado em ações de empresas sérias e lucrativas”, afirma Ripardo.

De forma resumida e simples, as Bolsas de Valores são locais onde as pessoas podem vender e comprar ações por meio de uma Corretora de Valores. Essas corretoras dispõem de profissionais voltados à análise de mercado, setores e companhias, que orientam seus clientes sobre o melhor momento de comprar e vender suas ações. Ao contrário do que muitos pensam, as Bolsas de Valores são associações civis sem fins lucrativos com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. Elas existem para, filiadas às Corretoras de Valores, fornecer infra-estrutura necessária ao mercado de ações, tendo como principais funções manter um local adequado para a realização de transações, com ações e opções, e fiscalizar todas as instituições cadastradas para que cumpram o regulamento. “Em linguagem mais simples, as Bolsas de Valores são ‘supermercados’ onde, ao invés de mercadorias, são negociadas ações”, simplifica Antônio.

Na opinião de Sérgio Ripardo, a maioria dos brasileiros vêem a Bolsa como “um cassino, um lugar para especuladores e espertos”, o que considera um problema, já que essa visão “simplista” impede a popularização do mercado de capitais, fazendo com que as pessoas sintam medo de investir em ações e perder suas economias. Esse medo, segundo ele, é o que faz com que as pessoas prefiram aplicações mais seguras como a poupança, por exemplo. “Nos EUA, onde há a cultura de investir em ações, as pessoas comuns acompanham as cotações dos papéis com o mesmo interesse que os brasileiros acompanham o placar do seu clube de futebol”, exemplifica Sérgio. Mas o jornalista também argumenta que, para a maioria dos brasileiros, esse é um assunto difícil devido a uma questão cultural, à falta de habito de se investir em ações, pois, para ele, sem prática tudo se torna mais complicado, além de faltar uma abordagem mais cuidadosa sobre o tema para que as pessoas tenham mais informação a respeito. Essa carência ocorre, segundo Sérgio, porque “em um país de renda curta, em que não sobra dinheiro para investir, é meio irreal imaginar que alguém vá perder tempo falando sobre Bolsas”.

É importante entender que nas Bolsas são negociadas ações das maiores empresas do país. No caso do Brasil, a principal é a BOVESPA ( Bolsa de Valores do Estado de São Paulo), onde estão concentrados 90% dos negócios com ações. Se o índice da BOVESPA vive em queda, é sinal de que a economia não vai bem, ou seja, as Bolsas funcionam como importantes índices da situação econômica. O resultado dos índices ocorre no final do dia quando é feito um balanço dos negócios efetuados no pregão e são somados os valores, determinando a queda ou alta em comparação aos resultados do dia anterior. E, ao contrário do que muitos pensam, não é a queda das ações que influencia o país, e sim o risco país que interfere nas cotações. Esse fator depende muito das decisões do governo, porque estas podem afetar o desempenho das empresas através do consumo.

Mas afinal, o que o trabalhador comum tem a ver com isso? Tem que, além de ser importante que haja uma participação coletiva para fortalecer o mercado acionário, todo consumidor participa ativamente na valorização ou desvalorização das empresas. Antônio explica que as ações são “pedacinhos” das empresas. Quando alguém compra ações de uma determinada empresa, está se tornando sócio dela, ou seja, aposta nela e torce para que cresça e lucre, assim, quem possui ações dessa empresa lucra também. Através de um exemplo prático Antônio pergunta: “ imagine a situação da Brahma se todos os consumidores resolverem beber somente Skim. Qual empresa apresentará valorização e qual irá cair?”.

A Bolsa de Valores é uma alternativa de investimento para empresas e consumidores, uma opção de poupança. De cada R$100,00 negociados, R$25,00 são de recursos de pessoas físicas, o que as coloca em segundo lugar no ranking dos investidores, perdendo o primeiro lugar para os investidores institucionais. Em terceiro lugar estão os investidores estrangeiros. Diante disso, qualquer pessoa pode investir, à partir de R$100.00 via fundo de investimentos ou R$500.00 diretamente, mas para isso é necessário procurar uma Corretora de Valores. No Brasil existem cerca de 120 Corretoras, a maior parte em São Paulo e Rio de Janeiro. Só por meio delas é possível comprar ou vender ações, pois são elas que disponibilizam os profissionais que atuam no Pregão viva-voz (que funciona na Sede da BOVESPA) ou no Pregão Eletrônico (à distância, através de computadores). Esses profissionais orientam as pessoas sobre a melhor hora para investir, os tipos de ações etc. Sérgio Ripardo define as Corretoras como “donas da Bolsa” e atenta para os riscos de se investir em ações: “ investir em ações é bem mais arriscado, exige sangue frio da pessoa”. Por outro lado, Antônio explica que no meio financeiro a palavra “risco” está associada à probabilidade de ganhos ou perdas acima ou abaixo da média de mercado, diferentemente da linguagem cotidiana, onde “risco” é, muitas vezes, usada para indicar perda/diminuição.

Há ainda a questão do dólar. Afinal, qual a relação entre a BOVESPA e o dólar? “Se o dólar sobe é que o Brasil ficou mais pobre. Não é exatamente isso, mas assim fica mais claro explicar”, diz Antônio, que se baseia no fato de boa parte dos insumos serem importados, o que gera redução na atividade econômica, causando queda nos investimentos por parte de estrangeiros por não haver retorno, somando tudo isso, ainda, à dívida brasileira bastante grande. “Nesse caso as empresas passam a valer menos, e essa desvalorização reflete nos preços apresentando performance negativa na Bolsa”, completa.

Acompanhar o andamento das Bolsas de Valores é importante para entender a influência das medidas tomadas pelo governo, a geração de renda, distribuição, emprego etc. A Bolsa é como um retrato da economia do país, além de ser uma opção de investimento. Para saber mais sobre o assunto é só acessar:
www.bovespa.com.br, onde é possível esclarecer todo tipo de dúvidas, desde as mais simples até as mais complexas, conhecer as principais Corretoras de Valores do Brasil e acompanhar de perto as cotações.

Comentários

  1. Obrigado por esclarecer. Momentos antes de iniciar a leitura eu tinha dúvidas a respeito da Bolsa, mas compreendi e completei as lacunas que estavam vazias no meu conhecimento. ;)

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  2. Foi muito bom entender sobre a bolsa, duvidas sempre iram surgir, afinal todo dia a algo novo na vida para se aprender. Basta a nós nos dedicarmos a aprender. Nada é fácil, mas quero ver se consigo investir e entender mais sobre bolsa de valores!
    Muito obrigada!

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